31.5.12

Sonhar é permitido?


Isadora Garcia 

Descobri a magia e o poder das palavras aos poucos. O mistério que as envolve foi me fascinando de tal forma, que não pude ignorá-lo. Ele tornou-se autor de meus sonhos e me incentivou a buscar na beleza das letras a possibilidade de externar sentimentos, fantasias e desejos. A descoberta desta possibilidade infinita de provar tão doce sabor me encantou e, leve e sorridente, dei asas a sonhos que me levaram (e ainda levam!) para mundos fantásticos. A coisa foi tomando dimensões que, a meus olhos, eram magníficas, mas, na ótica da fria realidade, eram preocupantes. Foi então que começaram a puxar meus pés de volta para o chão, a me impor vendas e cordas, a cortar minhas asas, que cultivava com tanto orgulho. Que dor! Que horror! Aquilo me doeu, como me doeu! Mas as vendas não eram negras o suficiente e as cordas não tinham a força requerida para parar os cantos de minha alma. Durou pouco o tempo em que aceitei esta prisão. Logo minhas asas já estavam novamente fortalecidas e foi então que dei o maior salto de todos! Ah, que maravilha o vento a me tocar o rosto! Era incrível a leveza depois da privação! Hoje cultivo meus sonhos e meu imaginário, confiante. Muitas vezes ainda sinto a queimação das cordas em meus pés, tentando me prender a um mundo de limitações, mas logo vêm as palavras a me abrir os olhos, a levantar meu rosto e me apontar o céu, moradia eterna da alma que acredita.

27.5.12

Memória fraca


Isadora Garcia

           A realidade chegou cortante, dilacerando tudo ao seu redor. Meu coração, que antes mascarava certezas, fantasiando dúvidas, hoje se vê rasgado por verdades nuas e cruéis. Não há qualquer preocupação da vil assassina em atenuar os estragos que causa. O real machuca de propósito, corta com vontade, que é para ver se o coração aprende de uma vez por todas a lição. Mas ele não aprende... Ele não aprende...