7.9.10

Silêncio de doce melodia

Isadora Garcia

Silêncio de doce melodia
Vieste acordar minha melancolia?
Apontar-me tão cedo a luz do dia
Sereno e demorado em tua cortesia?

Silêncio de transparente poesia
Vieste livrar-me de tal nostalgia?
Levar de vez em tua companhia
Toda essa minha fantasia?

Encobre-me em tua sinfonia
Afasta-me de tal euforia
Ensina-me a tua terapia.

Auxilia-me nessa travessia
Até que sobre tal ousadia
Tenha eu total autonomia.

4.9.10

Um adeus tardio

Isadora Garcia
Para Francisco Pedro Garcia
.
.
Tento apegar-me a memórias difusas
de um passado feliz ao teu lado.
Eras tão sábio, tão erudito,
um homem que construiu uma vida de glórias
com o suor e a vontade de vencer
que guardava no peito.
.
As lágrimas não param de rolar meu rosto.
Choro com a fraqueza de uma criança,
tão pequena frente ao mundo, tão impotente.
Choro com a força de um adulto,
que, infelizmente, compreende o que se passa
e se arrepense como nunca pensou ser possível.
.
Foste embora, sim, já era previsto,
mas a dor que suporto, esta não me era conhecida.
Foste embora e me deixaste tua lágrima,
cena que ficará presa, vívida em mim
fazendo companhia para o aperto em meu peito.
.
Perdoe o vazio de minhas palavras caladas.
Se pudesse, berrava agora meu amor para o mundo.
Perdoe meus erros, me perdoe...
Só agora vejo a importância
que teria tido aquele adeus.